... da totalidade das coisas e dos seres, do total das coisas e dos seres, do que é objeto de todo o discurso, da totalidade das coisas concretas ou abstratas, sem faltar nenhuma, de todos os atributos e qualidades, de todas as pessoas, de todo mundo, do que é importante, do que é essencial, do que realmente conta...
Em associação com Casa Pyndahýba Editora
Ano IV Número 47 - Novembro 2012

Foreign Word - Carlos Drummond de Andrade

Banksy

by Eduardo Miranda
Elegy 1938

You work without joy for a decrepit world,
where the forms and actions offer no examples.
You practice laboriously universal gestures,
feel heat and cold, lack of money, hunger and sexual desire.

Heroes fill the city parks where you creep
and advocate virtue, renunciation, the cold-blooded, the conception.
At night, if fog, open bronze-made umbrellas
or retire to the volumes of sinister libraries.

You love the night by the power of annihilation it holds
and you know, sleeping, the problems waive you to die.
But the terrible awakening proves the existence of the Great Engine
and restores you, the little one, facing indecipherable palms.

You walk among dead and talk to them about
things from the future and soul & spirit affairs.
The literature ruined your best love moments.
On the phone you wasted long and precious time of seeding.

Haughty heart, you rush to confess your defeat
and defer to another century the collective happiness.
You accept the rain, the war, the unemployment and the unfair distribution
because you cannot, by yourself, blow up the island of Manhattan.

Elegia 1938

Trabalhas sem alegria para um mundo caduco,
onde as formas e as ações não encerram nenhum exemplo.
Praticas laboriosamente os gestos universais,
sentes calor e frio, falta de dinheiro, fome e desejo sexual.

Heróis enchem os parques da cidade em que te arrastas,
e preconizam a virtude, a renúncia, o sangue-frio, a concepção.
À noite, se neblina, abrem guarda-chuvas de bronze
ou se recolhem aos volumes de sinistras bibliotecas.

Amas a noite pelo poder de aniquilamento que encerra
e sabes que, dormindo, os problemas te dispensam de morrer.
Mas o terrível despertar prova a existência da Grande Máquina
e te repõe, pequenino, em face de indecifráveis palmeiras.

Caminhas entre mortos e com eles conversas
sobre coisas do tempo futuro e negócios do espírito.
A literatura estragou tuas melhores horas de amor.
Ao telefone perdeste muito, muitíssimo tempo de semear.

Coração orgulhoso, tens pressa de confessar tua derrota
e adiar para outro século a felicidade coletiva.
Aceitas a chuva, a guerra, o desemprego e a injusta distribuição
porque não podes, sozinho, dinamitar a ilha de Manhattan.

No comments:

Post a Comment