Lendas Urbanas: Mulher de Branco, de Rafael Menicucci, 2012 |
Foi no domingo pela manhã,
onde velhos pescadores e meninos
entoavam hinos de oceanos.
Uma mulher estranha, louca,
loira e esguia, com vestido brilhante,
como aqueles usados pelas cantoras de músicas sacras
saiu de casa, como um vulto matutino,
transportando uma xícara na mão
três pãezinhos e uma fatia
de queijo fresco num prato.
Nos seus pés não havia sapatos.
Atravessou a rua de pedras antigas
atravessou o rio numa barca longa e verde
e voou com a cabeça pura e perfumada
tombada, para sempre,
para o interior da mão esquerda.
Partiu só, deixando as saias floridas
e as blusas amarelas,
presas no varal, sujas de sangue.
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